Bons e Maus

Rachou e o mundo nos separou,
deixou uma fenda chamada saudade,
quando a idade avança...
Mais marcar são gravadas
no memorial de amigos,
uns passam rapidamente deixando
aberto o caminho para seguir...
Outros caminham lado a lado
nas horas felizes e compartilham
as dores que trazem nas lembranças.
Alternam os bons e maus momentos,
vamos seguindo até sermos requisitados
para o balanço da vida.

Amaury Nogueira
Poeta Paranaense

Lições

Lições

Como um cometa passamos
por essa existência e deixamos
os rastros de luz para
os que virão após, a partida
Quando o mundo se torna pequeno
para nossos afazerem partimos,
para sermos livres do corpo
e prosseguir nossa tarefa.
Já que as lições e os ensinamentos
continuaram sendo repassados.

dez/1997
Amaury Nogueira
Poeta Paranaense                                                                                    

A Lágrima

A lágrima que rola da face
antecipa a saudade que vou ter
por não mais poder olhar
para este rosto sereno
por não mais ouvir sua voz...
As Lágrimas que banhão
o chão não é por ver
seu corpo estendido
neste caixão e sim por não
podermos mais nos fins das tardes
de inverno, ver o sol vermelho,
com vergonha da lua prateada
que se levanta para brilhar...
A lágrima que enodesse a garganta
retendo o som de minha voz
é somente para possa observar
cada olhar dos amigos a lhe
desejar uma excelente partida.

Amaury Nogueira
Poeta Paranaense

Superação

O corpo superou doenças,
parasitas, dor, tombos
e seguiu abrindo as portas
ano a pois ano...
Agora já marcado
com os cabelos embranquecidos
mais com os passo fortes
vai em frente...
Rompe o cinquentenário
e não se arrepende pelo
que passou se marcas ficou
lhe deu experiências.
Amadurecido pelo tempo
igual ao vinho melhor esta
para enfrentar
os desafios que a vida
lhe impõe.

Amaury Nogueira
Poeta Paranaense

Estações

Quando o inverno do tempo chega 

com geada embranquecendo 

os fios de cabelos...

Quando o verão vem rachando  

e marcando a pele ...

Tentamos disfarçar com o outono 

de cremes e até cirurgias,

as primaveras que nos foi concedidas.

17/09/2007.

Amaury Nogueira

Poeta Paranaense

Sem sair do lugar

Passando a multidão,
no fim de tarde...
rua cheia, rostos tensos
outros cansados...
alguns sorrindo com a marca
do tempo estampado na face,
observo cada caminhar...
uns largos apressados
com pressa de chegar...
outros lentos como quem diz realizados
vão tranquilos seguindo o caminho da vida.
Assim passeio meus olhos, sem sair do lugar.

Amaury Nogueira
Poeta Paranaense

Única Luz

A luz chegou em forma de abrigo,
na escura e fria noite.
tendo como cobertor as estrelas...
O vento uivante trazia
um certo desespero,
avançava a noite e com ela despencava
a temperatura...
A essa altura somente amargura.
Sem um lar para servir de abrigo
somente uma fogueira de papelão
servia para consolação.
sendo esta a unica luz na madrugada
de inverno.

Garçom

Garçom por favor uma caneta
e um guardanapo,
foi o pedido que fiz
ele torceu o nariz
demorou na mesa ao lado
voltou e trouxe o perdido
que fiz...
Ao sair lhe devolvi o guardanapo
com um dizer...
Não tenho gorjeta por que sou poeta,
poeta que vive de sarjeta em sarjeta.


Amaury Nogueira
Poeta Paranaense

set/1985

Resgate

Depois de chegar no fundo do poço
a água cobria meu corpo
minha voz já não ouvia mais
parados meus olhos viam a luz
que cada vez mais aproximava
e ia levando um pouco de mim...
Retirava o peso de meus ombros
e dos pés, foi quando senti
flutuar e sem nem um esforço
estava eu na borda do posso.

Sorriso Largo

Uma luz transcendeu em meu quarto
e tirou-me de meu corpo...
viajei para rios, florestas e mares...
Observei ritos, cantos e costumes,
O sol batia na janela quando voltei
e um respirar profundo, meus olhos
se abriram com algumas lágrimas
banhando minha face e um sorriso largo
que não quis desgrudar de meus lábios...

Amaury Nogueira
Poeta Paranaense

Que Frio

meus olhos só podem apreciar

este lindo cair de tarde...
já que um frio danado
vem gelando os ossos,
rachando os lábios.
mais ao contemplar
do por do sol esqueço
do frio e aqueço minha alma.

Amaury Nogueira
Poeta Paranaense
Jul. 1997.

Nada

O vazio que imunda meu ser
me rouba a alma
leva tristeza e dores acalmam
Nada faço deixo levar
para muito além do mar.

As Ondas

As ondas salgam meus lábios
ao mesmo tempo me trai...
beijando a areia...
Amaury Nogueira
Poeta Paranaense

Mar

O balanço do barco
me faz ressonar
mesmo meus olhos
vendo toda beleza
desse infinito mar.

Ilha do Mel, Paraná - jan.1986

Rio Iguaçu

A densa neblina
brinca de esconder
a beleza das águas
do Rio Iguaçu.

Amaury Nogueira
Poeta Paranaense

Sorriso

Ainda sinto meus olhos marejar...
A lágrima que ainda escorre em meu rosto.
aquecendo meu peito trazendo esperança
no sorriso aberto de uma criança.

Amaury Nogueira
Poeta Paranaense
Março/91